“O ideal básico de
um cronista é registrar o circunstancial, normalmente relacionado ao
cotidiano, fato acentuado no Modernismo, já que o gênero da crônica literária
trabalha com a possibilidade de tornar mais intensa uma experiência vivida ou
percebida através de uma narrativa, tentando ser fiel às circunstâncias,
tornando o texto uma unidade significativa, mesmo que observada pelo olhar
pessoal e fictício do escritor.”
“[...] No Jornalismo
contemporâneo, a crônica atua como uma sessão do veículo de comunicação que
trata de um assunto específico, como política, esportes ou cultura, neles
exibindo a urgência do formato (pequeno espaço, elaboração diária) enquanto
recurso jornalístico.
“Muitas vezes, as
variações entre a crônica literária e a jornalística se misturam e como a
crônica normalmente ocupa um espaço diário ou semanal nos veículos de
comunicação — especialmente os jornais e as revistas —, seu texto está voltado
para um formato que exige uma leitura rápida, ágil, e que neste curto espaço
precisa chamar a atenção do leitor para os pequenos fatos do cotidiano.”
“‘[...] fragmentária (e
essa é a sua força), pois não pretende captar a totalidade dos fatos’ [...]”.
“‘[...] sua sintaxe
lembra alguma coisa desestruturada. Solta, mais próxima da conversa entre dois
amigos do que propriamente do texto escrito. Dessa forma, há uma proximidade
maior entre as normas da língua escrita e a oralidade, [...] mas recriada. O
coloquialismo, portanto, deixa de ser a transcrição exata de uma frase ouvida
na rua, para ser a elaboração de um diálogo entre o cronista e o leitor’ [...].
(SÁ, 2005, p. 10-11)”
“Deve ser lembrado o
fato que o Modernismo (séculos XX e XXI) admite a fusão de gêneros, o que dá
origem a novas possibilidades de entendimento sobre a crônica, que se aproxima
diversas vezes de outra tipologia textual literária, o Conto, devido à
existência de elementos comuns a ambos (narrativa curta, quantidade pequena de
personagens, um só núcleo de ações).
“No entanto, na crônica
o essencial passa pelas circunstâncias do enredo, isto é, o acontecimento do
cotidiano que poderia passar, relegado ao esquecimento por ser considerado
‘irrelevante’, algo que possa passar despercebido para as pessoas de uma forma
geral, mas que para a sensibilidade de cronista serve para retratar uma parte
do cotidiano. [...]”
(Guia
literatura UFRN 2012, Alexandre Alves, Natal (RN): Editora Sol, 2011, pp.
11-13.)
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